Camapuã-Figueirão

FIGUEIRÃO – A ELEGÂNCIA DOS JAGUNÇOS NA DÉCADA DE 50.

Eu tinha uns oito anos de idade, quanto de manhã, ouvimos o barulho de um motor. Saímos em disparada gritando: é o caminhão do Juca, é o caminhão do Juca. Era um avião teco-teco preparando-se para pousar. Direcionamos nossa corrida ao campo de aviação, no atual Jardim Aeroporto. O pássaro de prata aterrou onde fica a praça Sebastião Barbosa de Souza e taxiou até a esquina da Moysés Galvão com a Camapuã. Desembarcaram dois passageiros: um deles era o piloto Pascoal Garcia Tosta, proprietário da aeronave e fazendeiro em Costa Rica, outro o destemido jagunço do Paraíso, Sebastião Cara feia. O pistoleiro era um jovem elegante, em seu pescoço, pulso e dedos, brilhavam valiosas jóias em ouro. Usava faixa, lenço, cartucheira amarerelada de balas e um revólver calibre 44. Carregava na mão uma valize e exibia na cabeça um lindo chapéu Ramenzoni 3x. Desceram-se afundando os calçados limpinhos no solo arenoso da Moysés Galvão, e nós, a gurizada, fazendo a escolta dos homens até ao bolicho do Valdevino Goiano. Confesso que senti desejo de quando crescer, me trajar como aquele moço.
Professor Admar.
Historiador figueirãoense.

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