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Novas tecnologias são apostas de gigante da celulose para mitigar impactos em MS

Idaicy Solano

A cidade de , situada a 330 quilômetros de , no Estado de , foi escolhida para abrigar a primeira planta de celulose da Arauco no Brasil. O empreendimento representa um marco na expansão da empresa no país, além de consolidar o Estado como o polo mundial da celulose, com investimento de US$ 4,6 bilhões na planta fabril.

A chegada da fábrica, no entanto, acende um alerta para os impactos da silvicultura no Cerrado, além de levantar questões como a utilização dos recursos hídricos e o abastecimento de energia no município.

Segundo o diretor de sustentabilidade da empresa, Theófilo Militão, serão necessários 400 mil hectares de florestas de eucalipto plantadas para abastecer a unidade. A área equivale à metade de Campo Grande. Desses, 80% já estão garantidos e a estimativa é alcançar a totalidade até o ano de 2027, quando o projeto será finalizado.

Além disso, a fábrica terá capacidade de geração de energia superior a 400 megawatts (MW), sendo cerca de 200 MW utilizados internamente e o excedente disponibilizado no mercado, o suficiente para abastecer uma cidade de mais de 800 mil habitantes.

Arauco promete monitoramento e tecnologias sustentáveis

O diretor de sustentabilidade da Arauco afirma que os resultados do estudo técnico da empresa indicam que os impactos ambientais da planta industrial sobre a cidade serão pequenos, por conta da distância entre a fábrica e o núcleo urbano de Inocência, que fica a 50 quilômetros da planta.

No entanto, Theófilo garante que a empresa adotará medidas de precaução, incluindo a instalação de sistemas de monitoramento da qualidade do ar no município e equipamentos de tecnologia eficientes para avaliar os parâmetros de emissão atmosférica.

O diretor também destaca que os efluentes líquidos lançados no Rio Sucuriú estão cerca de 20% abaixo do limite estabelecido pela legislação ambiental. A água utilizada no processo industrial será majoritariamente reutilizada, ou seja, mais de 90% do volume será reaproveitado internamente antes do descarte final.

Impactos da monocultura de eucalipto no Cerrado 

Segundo Theófilo Militão, o manejo florestal da companhia é certificado por selos internacionais, como o FSC (Forest Stewardship Council), e inclui o monitoramento da fauna e dos recursos hídricos nas áreas de plantio.

A escolha do terreno também foi estratégica, e Theófilo destaca que a área não possuía floresta nativa, enquanto as áreas com mata nativa dentro da propriedade da empresa estão sendo preservadas e, em alguns casos, recuperadas.

Recursos hídricos 

Outro ponto abordado no estudo foi o consumo de água. Segundo Theófilo, a fábrica não irá dispor dos recursos hídricos de Inocência, pois a captação será feita no Rio Sucuriú.

O diretor explica que o afluente tem uma vazão (volume de água) maior do que o necessário para atender às demandas da fábrica, o que foi um dos fatores que permitiu a liberação do projeto no processo de licenciamento ambiental.

Além disso, a população de Inocência não é abastecida por esse rio, o que, na análise do diretor, elimina qualquer risco de impacto no fornecimento de água para a cidade.

O secretário de Desenvolvimento Econômico,  e Meio Ambiente do município, Ademilson Junqueira de Paula, destaca que Inocência é rica em recursos hídricos, principalmente no lençol freático, e que não haverá disputas hídricas com a fábrica.

O secretário afirma que a maior parte do conglomerado de mão de obra ficará em alojamentos que a empresa de celulose adquiriu em áreas rurais próximas à cidade, e irão dispor de recursos que a Arauco irá bancar.

Ademilson cita que atualmente o principal desafio do município, em relação aos recursos hídricos, está no enfrentamento a longos períodos de estiagem. “Nós sofremos uma escassez de chuva no país, que mudou muito o nosso clima, e não foi diferente em Inocência. O nosso maior problema é a falta de chuvas”.

Recursos energéticos 

Em paralelo ao crescimento da cidade, cresce também a preocupação com os recursos de energia. Ao redor do município, dezenas de alojamentos se instalam, assim como fábricas de concreto e outros empreendimentos, aumentando a níveis exorbitantes o consumo de energia.

De acordo com o diretor-presidente da , Paulo Roberto dos Santos, Inocência consome, atualmente, 2.5 megawatts, enquanto os alojamentos consomem quatro vezes esse valor, chegando a marca de 10 megawatts. Já a fábrica, consome 140 mil.

O aumento considerável no consumo de energia dobrou o quadro de funcionários que prestam serviço no município nas áreas de construção, infraestrutura e manutenção. Além disso, a concessionária já trabalha na ampliação da subestação de energia da cidade.

Confira abaixo imagens da obra da fábrica:

Obras na fábrica de celulose (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

 Midiamax

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