Em meio ao desmatamento desenfreado do Pantanal, o projeto dos Corredores Ecológicos atua na contramão, como uma ferramenta para sobrevivência de espécies em Mato Grosso do Sul, além de todos os benefícios que a natureza propicia.
Os corredores ecológicos são áreas de grande importância para definir estratégias de gestão territorial que permitem a integração entre áreas protegidas, garantindo o fluxo e a sobrevivência de espécies nativas dos ecossistemas.
“Os corredores são elementos em uma paisagem com contexto de pecuária, com contexto de agricultura, com contexto que deve ser pensado em conjunto. Todas as iniciativas devem ser pensadas em conjunto”, explica a bióloga e analista de conservação do WWF (Fundo Mundial para a Natureza, em tradução livre) no Brasil, Cyntia Santos.
A identificação e priorização de áreas para a criação dos corredores ecológicos auxiliam os planos de implementação de projetos, que em diálogo com os atores sociais, podem proporcionar boas alternativas de desenvolvimento sustentável.
“A gente tem que proporcionar o diálogo entre os setores que querem aliar a conservação; que querem mostrar que uma onça, por exemplo, é um elemento de turismo, que também gera recursos e é eficiente e pode ter uma convivência harmônica com o gado, desde que o proprietário tenha as técnicas para isso”,
Corredores de Biodiversidade em MS
Mato Grosso do Sul já tem duas zonas ecológicas e, segundo Cyntia, está muito bem comparado a outros estados brasileiros.
“A gente tem várias iniciativas governamentais que estão pensando na implantação de corredores de soluções baseadas na natureza, de discutir uma nova lei para o Pantanal, que seja voltada para pontos estratégicos; que alinhem a conservação, mas que também não impeçam a produção da atividade”, ressalta.
Segundo a bióloga, o desafio é que os setores conversem e entendam que, com a conservação, todos ganham. “A gente tem um ambiente bom e saudável para todo mundo, com desenvolvimento local, com avanços para as pessoas também no que se diz sobre qualidade de vida, sobre estruturas e condições de sobrevivência”, garante a especialista ao Jornal Midiamax.
Cabeceiras degradadas
Entretanto, conforme Cyntia, o Estado precisa melhorar com as áreas de preservação permanente nas cabeceiras do Pantanal. “As nascentes, muitas delas já não existem, foram soterradas, muitas somem”, diz.
“Existe a questão das áreas em Mato Grosso do Sul serem muito grandes e você tem muitos remanescentes de vegetação sem proteção e isso é um direito legal do proprietário, de desmatar ou não Muitas vezes por uma questão econômica, de fazer a propriedade se tornar viável ou não, ele tem a tendência de tomar a decisão para o desmatamento. Então, essa conversa que precisa ser ainda muito construtiva de ambos os lados”, conclui.
Por Fábio Oruê