Com fábrica operando, Ribas vivencia chegada de moradores definitivos
Por: Maristela Brunetto
O crescimento abrupto e demandas urgentes que mudaram a rotina de Ribas do Rio Pardo a partir de 2021, com o início da construção de uma fábrica de celulose da Suzano, com investimento de cerca de R$ 22 bilhões para a unidade e plantio de florestas de eucalipto, tende a se estabilizar a partir de agora. A empresa deu o start à produção no domingo e agora a cidade passa a vivenciar a desmobilização de quem era temporário para que fiquem na cidade os trabalhadores fixos da fábrica.
Entre operação, recursos humanos, administração, a unidade Cerrado terá cerca de mil trabalhadores, metade desse contingente trabalhando em período diurno e os demais nos outros turnos. A fábrica terá produção 24 horas por dia nos sete dias da semana. Além disso, a Suzano mantém outras duas mil pessoas há cerca de dois anos envolvidas com a produção de florestas para fornecer o eucalipto utilizado para transformar em celulose.
O diretor de engenharia da empresa, Maurício Miranda, informou que estão sendo entregues 954 casas para os trabalhadores, um bairro foi construído em Ribas, ampliando o perímetro urbano da cidade. Ele estima que tenha havido incremento de quase um terço do que existia. A opção de construir as moradias inseridas na cidade, já que a fábrica a alguns quilômetros, na zona industrial, entre a cidade e Água Clara, favorece as diretrizes do Município, concentrando as demandas.
A equipe definitiva já estava atuando na cidade, para a capacitação, a preparação para o início da produção. Conforme Miranda, cerca de 300 trabalhadores já são da região. O acesso às casas que estão sendo entregues prioriza as pessoas da operação, para facilitar o acesso à fábrica.
Crescimento acelerado – Enquanto a fábrica ia tomando forma, à margem da BR-262, Ribas sentia as urgências do crescimento forçado, com ampliação de oferta de vagas na educação, dos serviços de saúde, investimentos em segurança, asfalto, moradias. A infraestrutura veio de ações da Prefeitura, Estado e a própria Suzano.
O Senai está construindo na cidade uma unidade para ensino regular e formação técnica. A Prefeitura apontou, no começo do ano, o desafio de ampliar vagas em creches. Na época, o prefeito, João Alfredo Danieze, falou em uma “nova dor do crescimento”, referindo-se aos serviços para atender os moradores permanentes, como acesso a lazer.
A cidade tinha, em 2022, cerca de 23 mil moradores, segundo o IBGE, número questionado pela Administração Municipal, que estimava haver pelo menos seis mil a mais e projetava a população chegar a 33 mil pessoas em 2027. Nos dados do IBGE de 2010, a população era de 20,9 mil habitantes.
Só com a obra, no pico, Ribas atraiu cerca de dez mil trabalhadores temporários. Ela chegou a ser apontada, em 2023, como campeã nacional na geração de emprego entre cidades menores.
Gerar e compartilhar valor – Diante do impacto da construção da fábrica na cidade, a Suzano apresentou um plano de intenções no começo da obra, envolvendo ações estruturantes. Com o início da operação, a empresa seguirá com uma série de projetos. O propósito, explica Miranda, “é gerar e compartilhar valor”.
O “pacote” envolve uma série de iniciativas com pequenas produções, como assistência veterinária, apoio à apicultura, produção de leite em assentamentos, fornecimento de alimentos a famílias vulneráveis, apoio a estudantes para o Enem, orientações sobre proteção integral à infância. Conforme o diretor, as iniciativas que a empresa adota são implantadas em diálogo com o poder público.
Segurança na fábrica – Questionado sobre os cuidados para evitar acidentes com o início da operação, Miranda informou que as pessoas atuantes na produção já estavam envolvidas com o processo da fábrica bem antes do start, no domingo. Segundo ele, além de seguir os padrões técnicos, a empresa realizou cursos e estabeleceu uma “linha mestra”, com maior rigor ao que a legislação determina. “A Suzano tem programas ainda mais profundos e rigorosos com a gestão de segurança”.
A proteção, menciona, inclui prever a possibilidade de recusa de exercer uma tarefa. “O nosso colaborador tem direito de recusa, está lá no contrato de trabalho dele, se ele entender que aquele trabalho tem algum risco à integridade”, emendando que, sendo necessário, a empresa tem por regra suspender a operação para garantir segurança no processo produtivo.
Campo Grande News