Condenado pela Justiça a 19 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-secretário municipal de Governo de Dourados, Darci Caldo, é assessor especial da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP) desde novembro de 2022. No entanto, para desempenhar a função de “assessor” no gabinete da progressista, ele ganha R$ 15.148,35 por mês – o valor é 30% superior ao subsídio pago a um secretário municipal.
Caldo chegou a ser cotado para assumir a Secretaria Municipal de Governo da Capital após a exoneração do então vereador João Rocha (PP). Para sorte do douradense, já que ganharia menos, o braço direito da senadora Tereza Cristina, Marco Aurélio Santullo, assumiu o comando da Segov e ganha R$ 11.619 por mês.
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Adriane Lopes nomeou Darci para a função de assessor especial no gabinete em novembro de 2022, logo após o ex-aliado, Marquinhos Trad (PDT), perder a eleição para governador e ela passar a formar a sua equipe de confiança na prefeitura.
Propina de R$ 2 milhões
A prefeita ignorou o escândalo envolvendo Darci Caldo, que foi alvo da Operação Uragano, deflagrada pela Polícia Federal para investigar corrupção e desvio milionário na Prefeitura Municipal de Dourados. Em uma das gravações feitas pelo jornalista Eleandro Passaia, Darci admitiu que recebeu mais de R$ 2 milhões em propina e repassou ao então prefeito Ari Artuzi.
Dois antes de ganhar o cargo de assessor especial de Adriane, Darci Caldo foi condenado a 10 anos de prisão no regime fechado pelo juiz Luiz Alberto de Moura Filho, da 1ª Vara Criminal de Dourados. Conforme a sentença, Darci e Artuzi exigiram R$ 80 mil de uma empresa de informática para a campanha a prefeitura em 2008. E ainda acertaram o pagamento de R$ 50 mil em propina por mês após a posse e o contrato de R$ 200 mil.
Ele recorreu desta sentença ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Em julho de 2022, o desembargador Emerson Cafure não o inocentou, mas concordou com o pedido da defesa e encaminhou o processo, nove anos após a denúncia do Ministério Público Estadual, para a Justiça Eleitoral de Dourados.
Em fevereiro deste ano, o juiz Marcelo da Silva Cassavara, da 1ª Vara Criminal de Dourados, condenou Darci Caldo a nove anos de prisão no regime fechado por corrupção. Ele teria recebido propina de três empreiteiras: CGR, Planacom e Financial. De acordo com a investigação, o valor da propina seria 10% do valor pago pela prefeitura de Dourados.
Darci Caldo recorreu ao Tribunal de Justiça e, novamente, a ação caiu nas mãos de Cafure. O MPE pede para ampliar a pena e a defesa para anulá-la ou, no mínimo, concluir que houve prescrição do crime.
Assessor na Capital
Darci Caldo ganha subsídio de R$ 15.148,35 por mês como assessor do gabinete da prefeita. O valor é 30% superior ao salário do secretário municipal de Governo, que recebe R$ 11.619 por mês, de acordo com o Portal da Transparência.
Além disso, Caldo ganha como 13º o mesmo valor do salário de Adriane Lopes. De acordo com o portal, em dezembro de 2023, ele teve o salário de R$ 15.148,35 e mais R$ 21.263,62 como gratificação natalina. Em setembro deste ano, ele ainda ganhou férias no valor de R$ 5.049,45, elevando o vencimento total para R$ 20.197,80.
O Jacaré procurou a prefeita para saber por que houve a nomeação apesar dos escândalos envolvendo Darci Caldo, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.