Por João Ramos
Considerada uma das maiores onças do pantanal sul-mato-grossense, o macho batizado de Shaka representa bem a alcunha que recebeu da ONG Onçafari, responsável por monitorar as onças-pintadas da região. Shaka é um cumprimento havaiano que tem a intenção de transmitir positividade e aceitação. Aceitação, por sua vez, é um termo que define perfeitamente o grande felino, que praticamente perdeu as narinas em uma briga na área da Caiman Pantanal.
Desde 2018, Shaka vive sem uma parte das narinas. Sem o flagra do que ocasionou o ferimento, a ONG acredita que uma luta com outra onça tenha resultado na cicatriz.
A onça é acompanhada pela Onçafari desde abril de 2017 e foi capturada em 2018. Os pesquisadores estimam que ele tenha nascido em 2010. Portanto, já com 14 anos de idade, Shaka é um macho bem vivido, a ponto das marcas aparecerem (literalmente) em seu rosto.
Além disso, o animal pesa mais de 130 kg e é monitorado por um colar com tecnologia VHF. Em todos esses anos, o macho já foi visto acasalando com diversas fêmeas, entre elas, Pandhora, Nusa, Flor, Sombra, Juju, Piche, Leen e Troncha.
Como vive a onça Shaka
Mas nada chama mais atenção em sua história do que a perda de um pedaço das narinas, característica que o faz ser facilmente reconhecido na natureza. “Até o ano de 2018, Shaka só era flagrado pelas câmeras traps, sempre trotando em passos largos atrás de alguma fêmea, esbanjando vigor. No ano de 2018, provavelmente arrumou uma briga intensa com outra onça, resultando em uma lesão muito notável na região nasal”, explica a Onçafari sobre o animal.
E se engana quem pensa que o machucado atrapalha a vida da onça. “Ao longo do tempo, a lesão foi cicatrizada e Shaka não apresenta problema algum em sua respiração”, afirma a ONG.
Apesar do significado envolvendo aceitação, Shaka recebeu esse nome em homenagem a um líder do povo Zulu, sugestão de guias e rastreadores africanos que aplicavam treinamento na equipe quando esta onça foi avistada pela primeira vez.
“Praticamente perdeu o nariz”, diz biólogo sobre a onça Shaka
O guia e biólogo Fábio Paschoal, que atua na área da Caiman Pantanal, já fez registros incríveis de Shaka. Ele conta que a onça é uma das maiores que já viu e seu último encontro com o animal que vive no pantanal sul-mato-grossense foi há dois anos.
“Machos costumam ter várias cicatrizes na cara, marcas impressas, em sua maioria, por brigas para defender o território. Mas Shaka tem uma marca única, que faz com que ele seja muito fácil de identificar. Shaka praticamente perdeu o nariz. Já são dois anos desde a última vez que o vi. Agora, Hades e Robusto dominam a área onde ele costumava andar”, comenta o guia.
Veja as imagens feitas por Paschoal:
Animal é facilmente identificado por marca na região nasal – (Fotos: Fábio Paschoal e Onçafari)
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