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Em menos de um mês cinco pessoas morrem em colisões com antas em rodovias de MS

Após cinco acidentes de trânsito com vítimas fatais envolvendo atropelamento de antas, em menos de um mês, em rodovias do Mato Grosso do Sul, entidades alertam o poder público e pedem medidas efetivas que poderiam ter evitado ou ao menos mitigado os casos.

A coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, Patricia Medici, explicou que algumas medidas podem ajudar a diminuir os casos de atropelamentos tanto da fauna silvestre como doméstica.

“Existe todo um corpo de ciência já consolidado em torno dessas ferramentas de mitigação. Algumas delas obviamente são mais efetivas do que outras. O que é amplamente disseminado na atualidade como adequado são as passagens inferiores ou superiores no caso de fauna. Inferiores são os túneis no caso de passagem superiores são os adultos que facilitam a passagem desses animais ou por baixo ou por cima”, e complementou:

“Agregado a essas passagens é bastante recomendado o uso de cercamento. Cercas que sejam instaladas ao longo dessas passagens de forma a guiar os animais para esses túneis ou viadutos por cima. Recomenda-se cerca de 500 metros de cercamento da boca desse túnel de ambos os lados da rodovia”, explica Patrícia.

Ainda sobre outras medidas como placas ou radares, a coordenadora não acha que seja totalmente eficaz, já que o condutor costuma diminuir a velocidade apenas nesses trechos, voltando a evoluir a aceleração na sequência, o que não impede que atinja o animal mais adiante.

Conforme o estudo do INCAB-IPÊ, Mato Grosso do Sul possui cerca 8 mil quilômetros de rodovias. Destas houve o monitoramento de trechos de 34 rodovias federais e estaduais, sendo aproximadamente 6.000 quilôletros de vias observadas.

“A análise dos dados coletados demonstrou que alguns trechos possuem maior concentração de eventos de colisões com antas. Esses trechos são chamados de hotspots. A BR-267, BR-262 e MS-040 apresentaram maior número de antas atropeladas em relação às outras rodovias amostradas, compondo aproximadamente 80% de todos os registros”, aponta o estudo.

Passagem subterrânea podem diminuir o número de acidentes

Rodovia da Morte

Na BR-262, o monitoramento do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), foram registrados 6.650 animais mortos na rodovia, em um levantamento entre os anos de 2017 e 2020. O que corresponde a uma média de 180 animais mortos por mês.

Entre os animais silvestres atropelados estão espécies ameaçadas de extinção. Veja:

  • Anta
  • Tamanduá-bandeira
  • Cervo-do-Pantanal
  • Logo-Guará

Rodovia das antas

Como a maior parte dos atropelamentos ocorreu na MS-040, o trecho ficou conhecido como rodovia das antas.  Em sete anos de monitoramento, o Instituto de Pesquisas Ecológicas (INCAB-IPÊ), levantou que cerca de 40% ocorreram nesta rodovia.

Um problema que afeta a fauna e também condutores que trafegam pela região. No caso específico da anta o problema maior, de acordo com o INCAB-IPÊ, é o fato do ciclo reprodutivo do animal ser lento e com as mortes a espécie pode acabar diminuindo drasticamente.

Colisões

Somente entre os dias 16 de dezembro de 2023 e 15 de janeiro de 2024 cinco pessoas perderam a vida em acidentes de carro em que colidiram com antas. Sendo uma vítima fatal na MS-040 e quatro na BR-262. O levantamento foi feito pela  Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas, levando em considerações matérias publicadas pela imprensa da região.

O relatório técnico foi publicado em 2019 e reforçava o pedido de medidas efetivas em uma tentativa de diminuir os acidentes nas rodovias consideradas críticas pelo maior número de colisão com antas, que são a MS-040 e a BR-262.

“A colisão com antas em rodovias é uma problemática multifatorial. Primeiramente, o problema está diretamente relacionado com a segurança dos usuários dessas rodovias estaduais e federais. É um animal de grande porte, estamos falando entre 200 e 300kg, de forma que a colisão entre um veículo e uma anta é um grande acidente com consequências muito sérias. Temos também a questão das perdas econômicas – o veículo em uma colisão com anta fica bastante destruído. Por fim, há a perda direta de um animal tão importante – a anta está ameaçada de extinção e é responsável pela manutenção da biodiversidade, através da dispersão de sementes”, explica a coordenadora da INCAB-IPÊ, Patrícia Medici.

Casos recentes

  • 15 de dezembro de 2023: Motorista conduzia uma picape pela rodovia MS-040 quanto ocorreu o atropelamento. O condutor não resistiu e acabou sendo a oitava vítima de acidentes neste sentido
  • 21 de dezembro de 2023: O acidente ocorreu na BR-262 e vitimou uma família inteira após o carro colidir com uma anta. Entre as vítimas estava uma criança de 8 anos
  • 31 de dezembro de 2023:  Um caminhoneiro tentou desviar de uma anta e perdeu o controle do veículo, na BR-262. Apesar de não ter sofrido ferimentos, a esposa que estava no caminhão não resistiu e a filha do casal de três anos ficou ferida
  • 8 de janeiro de 2024: O condutor de um veículo ao desviar de uma anta na MS-040 perdeu o controle da direção e o carro capotou; condutor e passageiro ficaram feridos. Ainda no mesmo dia, em uma estrada rural de Coxim, outro motorista bateu em um poste quando desviou para não atropelar o animal. Apesar do choque a vítima sofreu ferimentos leves

Por LAURA BRASIL

Crédito: Instituto Ipê

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