Estudo que previu desastre gaúcho faz alerta sobre MS
Um estudo amplo encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, divulgado em 2015, já apontava o aumento expressivo no volume de chuvas na região Sul do Brasil. Mas mostrou também como a região de Mato Grosso do Sul poderá ser gravemente afetada pelo aumento de temperatura nas próximas décadas.
O projeto denominado “BRASIL 2040” encomendou a instituições nacionais de excelência simulações a partir de modelos climáticos globais, que previram de forma relativamente clara a possibilidade de chuvas fortes do Rio Grande do Sul, estado que passa por uma das maiores tragédias humanitárias de sua história, justamente por conta de inundações causadas pelas chuvas incessantes.
E a notícia não é nada boa. Para os três períodos, as simulações mostram justamente o Centro-Oeste como a região com maior aumento de temperatura, sendo no primeiro período um aquecimento de 2,5 °C estimado, no segundo período de 4,5 °C e no terceiro de 6 °C, ou seja, o estudo aponta uma aceleração no aquecimento da região Centro-Oeste, como aponta mapa abaixo.
Aumento no volume de chuva
Proporcional ao aumento da temperatura é o aumento de chuva na região Sul e o abrandamento dessa na região Centro-Oeste. No caso da chuva, o modelo também foi dividido em três, e no mesmo intervalo. Para os três períodos, as simulações mostram o extremo sul do Brasil com “anomalias positivas” (mais chuvas) e as demais regiões do país com anomalias negativas (menos chuvas), como também aponta o mapa a seguir.
Agropecuária de MS terá de se adaptar
O estudo também traz sugestões de adaptações que setor agropecuário brasileiro terá de passar. As análises mostram que poderá haver redução, não só a produção, mas nas áreas de produção.
Em Mato Grosso do Sul, especificamente, o cultivo da soja sofrerá maior adaptação. Ela precisará “promover a implantação de tecnologias já existentes e desenvolver e/ou adaptar tecnologias para a conservação do solo e da água no sistema de produção para evitar perdas por eventos mais frequentes de chuvas intensas, especialmente as tecnologias que permitem a redução de evaporação, maior infiltração de água do solo, maximizar o aproveitamento e armazenamento de água, adoção de sistemas de irrigação eficientes”.
Monitoramento atual
Mas não é preciso se basear apenas no levantamento “BRASIL 2040” para ver como Mato Grosso do Sul, diferente do Rio Grande do Sul, tem como principal problema a seca e não as chuvas.
O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) mantém um relatório mensal de monitoramento de seca e impacto no Brasil. O último divulgado, do mês de abril, traz alertas para Mato Grosso do Sul.
“O Índice Integrado de Seca (IIS3) previsto para o mês de maio indica que a situação de seca pode se intensificar, especialmente no norte de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, sul do Pará e no interior de São Paulo. Isso pode ocorrer devido às chuvas abaixo da média registradas nos últimos meses, associadas às chuvas previstas abaixo do esperado nessas regiões para o mês de maio”, aponta o relatório.
Campo Grande News