No centro de Coxim, nas ruas Filinto Mulher esquina com Antonio de Albuquerque, o senhor Francisco Everton dos Santos, 36 anos, está na cidade com um cartaz de papelão fazendo o pedido: “Me ajude comprar cachaça”.
Para reportagem do site Diário X, Francisco contou um pouco da sua trajetória de vida. Natural de Fortaleza/CE, há mais de 12 anos ele passa pelas cidades do Brasil, viajando a pé ou de carona, dormindo nas calçadas e se alimentando de doações ou comprando comida com o dinheiro que ganha nas ruas.
Usando de total sinceridade e sem nenhum constrangimento, Seu Francisco disse que quando apresentava um cartaz pedindo comida, poucas pessoas davam dinheiro e até ficavam bravas, dizendo que ele estava mentindo e que iria beber pinga. Então decidiu ser sincero e realmente pedir dinheiro para a cachaça. “Sou cara de pau, sincerão mesmo e falo a verdade. Não uso drogas, mas tomo minha cachacinha”, afirma.
Francisco explica que começou a pedir nas ruas após o desgosto com alguns componentes da família, devido desavenças relacionadas a herança, onde parentes acabaram virando inimigos. Outro motivo que o levou a ser transeunte foi à traição da ex-esposa, deixando-o completamente desiludido, além de um acidente que foi vítima em Ponta Grossa/PR, provocando alguns problemas de saúde e dificuldades para o trabalho.
Indagado dos motivos de não ter buscado um novo relacionamento com outra mulher, o senhor Francisco acrescenta que nunca mais teve e nem quer mais se envolver com outra pessoa, reverenciando a mulher mãe: “A única mulher que me amou e mereceu todo meu amor, foi a minha mãezinha, que me carregou por nove mês e agora tá no céu”.
Seu Francisco relatou que antes do início de sua caminhada pelo Brasil afora, trabalhou em várias funções da área rural e também como vendedor ambulante.
Vindo de Rio Verde de MT/MS, Francisco disse que antes de ir embora de Coxim tem vontade de comer uma peixada e depois vai seguir sua caminhada com destino a Sonora.
Sobre o celular, Seu Francisco falou: “Não preciso ter, porque ninguém vai me ligar e eu também não tenho ninguém prá conversar pelo telefone. Também não posso andar com nada de muito valor, porque tem cidade que é perigosa e os malandros acaba roubando e até batendo na gente que tá dormindo na calçada”.
Ao finalizar, Seu Francisco disse que se algum dia parar de andar pelo Brasil, a cidade que pretende ficar até o final da vida é Barra Velha no estado de Santa Catarina.