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Vereadora atacada por vereador em Cassilândia fará uso da tribuna na Câmara de Campo Grande: ‘não podemos aceitar’

A vereadora Sumara Leal (PDT) foi convidada pela vereadora Luiza Ribeiro (PT) para se pronunciar na Câmara de Campo Grande na próxima semana. A parlamentar de Cassilândia, cidade distante 437 quilômetros da Capital, foi atacada por um vereador.

O presidente da Casa, Arthur Barbosa (União Brasil), recomenda que a vereadora Sumara ‘use o corpo para trabalhar, assim como usa a língua’. A parlamentar afirma que foi vítima de machismo e humilhação, enquanto o vereador diz que falas foram mal interpretadas.

A vereadora Luiza Ribeiro, do PT (Divulgação, CMCG)

 

Luiza Ribeiro, única vereadora mulher eleita em Campo Grande, afirma que o fato serve para abrir os olhos para a violência política de gênero. “A gente começa a se atentar pra esses atos como inaceitáveis. Antigamente, a gente tinha uma certa tolerância sobre isso aí. Então, quanto mais a gente evolui na compreensão do patriarcado como um mal que acaba reduzindo o poder da mulher na sociedade, a gente vai criando instrumentos legais como, por exemplo, a lei que previne e pune a violência política de gênero”, aponta.

“Na semana passada, nós aprovamos uma moção de protesto contra um jornalista que escreveu no dia 1º de março ‘bonitinha, mas ordinária’, referindo-se a deputada federal Camila Jara, porque ela é processada por uso irregular de dinheiro em propaganda. A gente precisa estar atento e repudiar”, disse Luiza.

‘Usa a língua’

Na sessão da Câmara, realizada nesta segunda-feira (11), o presidente da Casa teria cortado o microfone de Sumara, alegando que a colega estava ‘fugindo da pauta’ da reunião. Ao final da sessão, o vereador parabeniza mulheres, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, e em seguida dispara contra a vereadora.

 

“Vocês sim [mulheres elogiadas] são dignas de representação e de meu respeito como mulheres e dizer que se usasse o restante do corpo para trabalhar em prol da sociedade igual usa a língua para difamar, o município seria melhor”, disse o presidente.

Nas redes sociais, a vereadora disse ter sido vítima de machismo, pois em um ano na presidência da Casa, Arthur nunca teria cortado a fala de nenhum outro vereador.

“Hoje tive a palavra suspensa, onde o presidente alegou que eu estava fugindo do assunto, cortou minha fala, o microfone. Em um ano como presidente ele nunca cortou a palavra de ninguém. Mas isso não foi nenhuma surpresa, eu já esperava. A minha surpresa, foi que ele ao final da sessão ele estava elogiando várias mulheres, sobre o mês da mulher, e disse que eu deveria usar o restante do meu corpo para trabalhar ao invés da minha língua. Ele frisou bem isso”, comenta.

Ao Midiamax, Arthur Barbosa lamentou o ocorrido, afirmando que não tem nenhum problema pessoal com a colega, apenas questões políticas e falas foram mal interpretadas.

“Quem me conhece sabe que eu respeito as mulheres, não tenho nenhum tipo de problema com a vereadora. Infelizmente minha fala repercutiu mal, peço desculpas às mulheres que interpretaram de uma maneira pejorativa. Jamais foi a minha intenção e jamais será de maltratar uma mulher. Vou conversar com ela, não tenho nada pessoal com ela, são apenas questões políticas. Foi uma discussão política e repercutiu de uma maneira ruim. Como pessoa posso dizer que estou acabado”, disse à reportagem.

Evelin Cáceres,Anna Gomes midiamax

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